quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Praia Brava atrai investimentos milionários em Itajaí

Foto : Marcos Porto

A praia de ondas perfeitas e águas claras, que por muito tempo foi reduto de surfistas e moradores interessados no contato com a natureza, transformou-se, nos últimos anos, na menina dos olhos de investidores do ramo imobiliário.
Aos poucos, obras de grandes empreendimentos tomam conta da paisagem da Praia Brava, tornando o vai e vem de operários da construção civil constante. Vendidos por preços que chegam a R$ 5 milhões de reais, os novos apartamentos valorizaram a área e já nascem com destino certo: o público de alta renda.
Evandro Dal Molin, presidente do Grupo Riviera, que lançou um empreendimento que alia hotel a residencial e edifício de negócios, diz que a Praia Brava atrai investimentos por várias razões. Uma delas é a logística privilegiada, a possibilidade de estar entre Balneário Camboriú e Itajaí.


Salto nos valores
O interesse dos investidores causou um salto no valor imobiliário da praia. Em 10 anos, os terrenos valorizaram 10 vezes: lotes nas quadras mais distantes da praia, que em 2001 eram vendidos a R$ 20 mil, hoje não saem por menos R$ 200 mil. Ainda assim, comprar um imóvel na Praia Brava é vantajoso se os preços forem comparados à vizinha Balneário Camboriú: o metro quadrado privativo _ parâmetro usado para determinar o valor de um imóvel _ custa, em média, de R$ 5 mil a R$ 10 mil. Na Avenida Atlântica de Balneário Camboriú, o valor pode chegar a R$ 15 mil.
O corretor de imóveis Diego Hauber diz que a diferença é que, para quem comprou um terreno na Praia Brava há 10 anos, havia risco, pois lá só havia lama e poeira. Hoje a praia oferece restaurantes, comodidades, e isso tem seu preço.
As construções diferenciadas fazem parte da proposta dos grandes empreendedores. A maioria das obras tem foco na sustentabilidade, com aproveitamento da água da chuva, aquecimento solar e áreas verdes preservadas. Também investem na segurança, áreas de lazer e de compras.
O diretor executivo do empreendimento Brava Beach, Cezar Leobet, diz que está se criando uma nova cultura de empreendimentos, inspirada em construções nos Estados Unidos e Europa, que atendem todas as necessidades do morador e racionalizam o tempo. Presidente da Associação de Moradores da Brava, Tony Roberto Porto diz que a mudança é vista com bons olhos pela maioria das pessoas que vivem na região, porque tem como consequencia investimentos na infraestrutura comum aos moradores.

Construções esbarram em leis ambientais
Em alguns casos, a construção de grandes empreendimentos na Praia Brava esbarra nas leis ambientais. Isso porque parte dos terrenos está em área de Mata Atlântica, que é de preservação permanente, ou em morros, que também são protegidos por lei.
O Ministério Público questiona, por meio de inquéritos e ações civis públicas, o licenciamento ambiental de parte dos projetos. Há, inclusive, um projeto embargado.
– Grande parte desse processo tem origem nas leis de uso e ocupação do solo dos municípios. Não se pensou o gerenciamento costeiro como política de estado ou de governo. Dentro desse processo de ocupação, o que se deve fazer é garantir que essas construções tenham critérios de sustentabilidade – diz Marcus Polette, pós-doutor em Ciência Política e Geografia Física.
Para ele, o caminho possível para preservar o que resta de mata nativa na Praia Brava é a criação de parques e reservas, ainda que particulares.
– Todos os empreendimentos vendem, em primeiro lugar, a qualidade da paisagem, por isso a preservação é importante. Aliar conservação e desenvolvimento é o desafio de mediar interesses da sociedade, do setor privado e governamental.

População cresce
A quantidade de moradores na Praia Brava aumentou 56,8% em 10 anos. Em 2000 o bairro tinha 2.737 moradores Em 2010, passou a ter 4.294

Contrapartida chega em obras de infraestrutura para a comunidade
O crescimento do mercado imobiliário na Praia Brava só foi possível com a implantação do Plano de Desenvolvimento Turístico, Econômico, Ecológico e Socialmente Sustentável (Plandetures), implementado no final de 2007. O decreto permite que os empreendedores da praia construam prédios mais altos do que o previsto pelo Plano Diretor – que limita em nove pavimentos a altura das construções - em troca de verba, que é aplicada no próprio bairro.
– Com o Plandetures permite-se mais altura, mas uma taxa de ocupação menor do terreno. Também é exigido que 30% da área seja permeável – explica o secretário Municipal de Urbanismo de Itajaí, Paulo Praun Cunha Neto.
O decreto prevê que, em troca, sejam feitas obras de drenagem, pavimentação, iluminação e sinalização, que estão em andamento. Os trabalhos são programados conforme ocorre a liberação de recursos.
– O crescimento imobiliário na Praia Brava era algo inevitável, até porque a quantidade de terrenos estocados ali era maior do que em qualquer outro lugar na região. O aumento da densidade traz desafios a serem vencidos, como a dificuldade de circulação com o aumento no número de veículos – diz Marcus Polette, pós-doutor em Ciência Política e Geografia Física.

 
Fonte : Jornal de Santa Catarina - 2 - 3

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