terça-feira, 1 de julho de 2014

Corrida nas alturas

Foto : Marcos Porto
O gosto dos construtores de Balneário Camboriú pelas alturas não é de hoje. Foi o que rendeu à cidade o inconfundível skyline, facilmente identificável por quem passa pela BR-101, e a fama de praia com hora marcada para se tomar sol. É mais recente, porém, a corrida para alcançar as nuvens . Admitida como estratégia de marketing por algumas das empresas e negada por outras, a aposta em prédios cada vez maiores colocou Balneário na lista dos maiores edifícios do país. São da cidade oito dos 10 projetos das futuras torres mais altas no Brasil, de acordo com o Council on Tall Buildings and Urban Habitat (Conselho de Edifícios Altos e Habitat Urbano). E o céu é o limite.

Duas construtoras disputam o topo e das oito empreitadas, apenas três ainda não foram iniciadas. As demais têm previsões de entrega a partir do ano que vem. A FG, dona de seis dos projetos mais altos do país _ inclusive o One Tower, maior do Brasil _ , prefere não falar sobre o assunto. Através da assessoria de imprensa, informou que o foco das obras não é a altura.

Já a Pasqualotto, que tem duas torres no ranking, admite o desejo de chegar mais alto. As obras da construtora que aparecem na lista são os dois edifícios do condomínio Yachthouse, em 3º e 4º lugar, com 227 metros de altura. Mas a engenharia da empresa informou que conseguiu autorização do município para acrescentar andares. As torres vão chegar a 264 metros, o que deve lhes render em breve o segundo lugar.

Campeão brasileiro no momento, é o edifício One Tower, da construtora FG, está sendo erguido na Avenida Atlântica de frente para o mar. Com 280 metros, ultrapassará o Infinity Coast, também obra da empresa, que até então era apontada como a maior do país, com previsão de chegar aos 237 metros de altura.
Todos os prédios do ranking ainda estão no canteiro de obras ou nas maquetes. Mas Balneário já ostenta o maior residencial do país. O Villa Serena, da construtora Embraed, tem 164 metros de altura.

Para o alto e avante

A escassez de terrenos em Balneário Camboriú é a principal motivadora das alturas vertiginosas. O plano diretor aprovado em 2007 não limita o tamanho das construções, o único condicionante é a metragem do terreno. Ainda assim, as empresas podem aumentar o número de andares em troca de solo criado, transferência de potencial construtivo ou o mais recente Icon/Icad, índices que trocam o pagamento de dívidas antigas do município  com desapropriações por aumento no volume das construções.

Com a mudança nas técnicas construtivas, que permitiram aumentar a altura dos edifícios, a possibilidade de erguer prédios ainda maiores na cidade beira o infinito.

Imensos e vazios

Os gigantes à beira do mar não chegam a causar impacto na quantidade de moradores em Balneário. Perto de 80% dos apartamentos de luxo dos grandes empreendimentos não são usados como moradia, mas como investimento ou segundo imóvel, para a temporada de verão.

Recentemente, lei aprovada na cidade exige que os grandalhões tenham o próprio sistema de tratamento de esgoto.Os gigantes também não chegam a fazer diferença nos números da saúde e educação, por exemplo _ mas não há dúvidas de que provocam o sombreamento da praia e dos edifícios ao redor.

Auri Pavoni, secretário de Planejamento da cidade, diz que essa é uma conta que o município terá que fazer agora, quando vai rediscutir o plano diretor. As primeiras audiências nos bairros ocorrem ainda este mês.

Ranking dos projetos mais altos do país

O ranking do Council on Tall Buildings and Urban Habitat (Conselho de Prédios Altos e Habitat Urbano) traz oito projetos de Balneário Camboriú entre as futuras torres mais altas do país.

Os que aparecem em amarelo estão em obras. Em marrom, as obras ainda não iniciaram. E em azul, os edifícios prontos _ caso apenas do Palácio W. Zarzur, em São Paulo. A lista também traz a data prevista de inauguração das obras e a metragem de cada uma.


Dos prédios elencados, seis são da construtora FG (One Tower, Infinity Coast, Epic Tower, Boreal Tower, Sky Tower e Alameda Jardins. Outros dois são da Pasqualotto (as duas torres do Yachthouse Residence Club).

Foto: reprodução
Reportagem : Dagmara Spautz

Fonte : Blog Guarda-Sol

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